Mauricio Bonato narrador do Sports +

01/07/2013 20:23
Qual foi o momento em que você percebeu que queria ser narrador?
 
Com 2 anos, quando eu imitava o saudoso Fiori Gigliotti ao ouvir os jogos do meu time, São Paulo Futebol Clube, narrados por ele. Claro que quando você é criança, pensam que você é louco, minha mãe pensou, depois, quando você cresce, as coisas mudam e as pessoas começam a acreditar em você, mas eu sempre soube que faria isso na minha vida, trabalhei e estudei muito para que isso acontecesse.
 
Quem te incentivou a seguir na profissão?
 
Minha mãe e meus irmãos.
 
Quem é seu ídolo?
 
São ídolos: Fiori Gigliotti e Osmar Santos no rádio e Galvão Bueno na TV.
 
Como foi seu inicio de carreira,a primeira vez que você entrou no ar?
 
Narrando foi na Olimpíada de Atenas em 2004, futebol feminino, Japão 1 x 0 Austrália, foi uma quarta-feira de madrugada.
 
Como foi trabalhar no FX e depois não ser levado para o Fox Sports? 
 
Olha, o trabalho no FX era ligado aos argentinos que comandavam o canal lá em Buenos Aires, o pessoal do Fox Sports Brasil, provavelmente, nem sabia quem eu era, nem imaginei que fosse lembrado, sinceramente.
 
Trabalhar em mais de uma emissora é muito difícil ou você conseguiu se organizar bem?
 
É complicado porque seu interesse (financeiro) não casa com os interesses de quem te paga, eu tinha sempre uma filosofia: dar prioridade para quem me pagava melhor, quem me pagava pior, seria o freela e eu trabalharia dentro do possível, mas fiz muitas loucuras, cheguei a narrar com frequência 5 eventos num dia, isso é ruim, você não consegue fazer seu melhor nas transmissões, sempre falta alguma coisa, a preparação não é a ideal, longe disso, fora os riscos de atrasos e tudo mais, acabei me dando bem e contando com a sorte e compreensão dos meus superiores na maioria das vezes.
 
Teve algumas situações complicadas enquanto estava no ar?
 
Várias, narrei sem imagem (parecia rádio), sem produção para ajudar na hora de pegar a escalação, alguma coisa que foi dita na transmissão que te fez rir demais e quase perder um gol, enfim, coisas sempre acontecem, pra ajudar e pra atrapalhar, resta a você saber lidar com elas para não se prejudicar.
 
Em alguma emissora você já foi "censurado" não pode falar de algum assunto?se sim qual?
 
Não me lembro exatamente, mas claro que sempre há alguma orientação em relação à linha editorial do veículo de comunicação para o qual você trabalha, mas ordem expressa eu nunca recebi e se tivesse recebido e não concordasse, tentaria conversar sobre o assunto, mas claro que o profissional inteligente, na maioria das vezes, tem que seguir o ditado:"manda quem pode e obedece quem tem juízo!".
 
O projeto da SKY, como você o viu quando recebeu proposta?
 
No início o projeto era da SKY ter um canal de esportes exclusivo, mas isso não foi possível. Hoje o canal está na SKY, mas não é de propriedade dela, sinceramente não sei de mais detalhes. Em relação ao projeto propriamente dito, é muito bom, um canal diferenciado para o público masculino com esportes e temos uma gama muito interessante de eventos, eu fiquei muito interessado em fazer parte desse projeto, além do mais, fui contratado como único narrador exclusivo do canal e obviamente que isso tem um peso enorme na hora de você aceitar uma proposta. 
 
Alguma vez você teve vontade de sair do ar na hora por que ficou insatisfeito?
 
Algumas vezes sim, acho isso normal, porque erros acontecem, quando são naturais, tudo bem, mas na maioria das vezes, são por incapacidade de coordenadores, produtores e do pessoal da área técnica, incompetência mesmo, mas o pior incompetente é o que é teimoso, daí, realmente irrita e faz você repensar algumas coisas, mas a melhor política sempre, é manter a calma e deixar para "estourar" depois, fora do ar e é claro, que reuniões são sempre bem-vindas para que tudo seja acertado da melhor maneira possível, com educação e respeito.
 
Realizou algum sonho na TV?
 
Ir para 2 Copa do Mundo, não fui por nenhuma TV propriamente dita, mas o trabalho na TV me possibilitou participar de um projeto da Revista Placar, a "Casa Placar", estive na Alemanha em 2006 e na África do Sul em 2010.
 
Queria trabalhar com alguém especial e conseguiu?
 
Sim, por pouco tempo, trabalhei com o Rui Viotti, já falecido infelizmente, ele foi o narrador que me "ensinou", através de suas transmissões nas décadas de 80 e 90, a entender o tênis, esporte que narro hoje com o maior prazer. O conheci no Bandsports, acredito que trabalhamos juntos por pouco mais de 1 ano antes do seu falecimento, mas tive o privilégio de ser orientado por ele e de ouvir estórias espetaculares contadas por ele, saudades do Mestre!
 
O que você almeja na carreira?
 
Olha, é uma pergunta complicada de se responder. Hoje, sinceramente, não tenho muitos sonhos, já realizei muitos deles, gostaria de ser reconhecido como um bom profissional, acho que isso é melhor do que qualquer prêmio, os elogios fazem muito bem, obviamente que eu gostaria de ser lembrado um dia e quem sabe ter a oportunidade de trabalhar em uma emissora aberta, mas acho que meu caminho está escrito e se tiver que acontecer, acontecerá, se não, paciência, estou muito feliz onde estou, sou valorizado e respeitado, isso já é muita coisa.
 
Faça um balanço de sua carreira até aqui.
 
Uma carreira de 17 anos entre rádio, TV, produção e narração (09 anos), nunca foi fácil, mas acho que eu consegui vencer, me dediquei aos estudos também, tenho 2 faculdades, Rádio e TV e Jornalismo e acredito que eu seja um vencedor, um profissional bem sucedido, espero manter esse "status" e conseguir me aposentar fazendo o que gosto e o que eu acho que nasci para fazer: narrar.
 
Qual o conselho que você tem pra quem quer ser narrador?
 
Primeiramente, se preparar, não é só ler, é entender como se faz uma transmissão, tenha sempre suas referências, mas nunca as imita, tenha sempre seu estilo e o empregue na narração, procure se atualizar, se adeque ao mercado, cumpra seus compromissos, seja profissional, se valorize e valorize a profissão, nunca trabalhe de graça e prejudique um colega de profissão, mesmo que ele não seja seu amigo, seja sempre honesto com você, com quem te assiste, com seus companheiros de trabalho e com quem te paga. Nunca trabalhe de graça!
 
Teve alguma transmissão muito difícil de fazer?
 
No começo era mais complicado, esportes que eu não me familiarizava eram difíceis, mas eu sempre estudei, nunca tive medo de perguntar e de dizer que não sei. Até hoje, nunca narrei futebol americano e beisebol, tive oportunidade de narrar os dois esportes, mas por alguns contratempos, não aconteceu, mas um dia acontece, sem pressa.
 
Tem algum amigo que fez nesse meio e guarda com carinho?
 
Olha, na produção tem muita gente, mas pra falar de narradores, tem o Carlos Fernando (Bandsports), Ivan Zimmerman (Bandsports), Nivaldo Prieto (Band), Doni Vieira (Rádio Globo) e outros que são de microfone, mas não são narradores, são comentaristas e repórteres, em especial o Cacá Bizzocchi (comentarista de vôlei Bandsports) e o Clio Levi (comentarista do SPORTS+), é muita gente.
 
Tem alguma narração que guarda em especial?
 
 
Sim, a semifinal do vôlei feminino em Pequim, China x Brasil, a seleção venceu e ali, pra mim, levou o ouro, o primeiro da história do vôlei feminino de quadra, narrei ao lado do Cacá Bizzocchi e foi espetacular todo o trabalho. No futebol, destaque para a UEFA Champions League 12/13, nas quartas-de-final (jogo de volta no Westfalenstadion em Dortmund) Borussia Dortmund (GER) 3 x 2 Málaga (ESP), final épico e claro, os 13 clássicos entre Real Madrid x Barcelona que narrei até hoje, sensacionais, todos.

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